12 de jan. de 2011

Ronaldinho Gaúcho, um carioca da gema da Zona Norte à Zona Sul

Rio de Janeiro sempre atraiu o craque com samba, belas praias e mulheres. Com uma, teve filho. 'Ele queria ter nascido aqui', diz Anderson, do Molejo


Por Genilson GarciaRio de Janeiro

Samba, praia, futebol. Sempre que possível, na companhia de belas mulheres. Esse é o roteiro de todo carioca da gema de bem com a vida. Por mais que seja gaúcho na certidão de nascimento e no codinome que carrega em sua carreira de sucesso, não há como negar: Ronaldinho tem o jeito do malandro nascido no Rio. E agora, que vai viver na Cidade Maravilhosa pelo menos até 2014 - se cumprir na íntegra o contrato assinado com o Flamengo -, o jogador certamente será visto desfilando da Zona Norte à Zona Sul.

- Lembro bem que o Ronaldinho sempre comentava que gostaria de ser carioca, ter nascido no Rio. Ele ama a cidade, diz sempre que no mundo não tem lugar mais bonito - afirmou o amigo Anderson, vocalista e compositor do grupo de pagode Molejo, um dos preferidos do craque.

Treino no Bangu

A ligação com o Rio passou, há algum tempo, a ser até de sangue. Aos 30 anos, o meia-atacante continua solteiro na praça, mas tem um filho carioca de cinco anos, João, fruto de um breve romance com Janaína Natielle Mendes, ex-dançarina do "Domingão do Faustão", programa da TV Globo. Ronaldinho assumiu a paternidade, mas procura deixar o filho longe dos holofotes e do noticiário. João e a mãe moram no Rio, o que vai facilitar as coisas para o pai Ronaldinho, que não foi o primeiro da família Moreira a fixar residência na cidade. Tudo começou com o irmão e empresário, Assis, quando atuou pelo Fluminense e o Vasco, em 1996. Já a relação do jogador rubro-negro com o Rio de Janeiro ficou mais forte desde 2001, durante o litígio com o Grêmio, à espera da transferência para o Paris Saint-Germain.

Ronaldinho Gaúcho treinando no Bangu arquivoRonaldinho treinou no Bangu em 2001, durante litígio com Grêmio














Para não perder a forma física, o meia-atacante passou uns tempos treinando no modesto Bangu, na Zona Oeste. No forte calor de mais de 40 graus em Moça Bonita, deu os primeiros passos para conhecer melhor o estilo carioca de vida. Pegou tanto gosto que, de lá para cá, procurava sempre retornar para curtir férias e se divertir. - Quando começou essa história toda do Ronaldinho, achei desde o início que o Flamengo estava na frente por causa do Rio de Janeiro. Meu palpite foi mais por intuição e também uma constatação. Quando ele brigou com o Grêmio, em 2001, escolheu o Bangu, no Rio, para treinar. Não foi para São Paulo ou Belo Horizonte. Depois, vivia aqui, de férias. Mostrava, no fundo, sua preferência, E aqui é mais a cara dele. Acho que, por ter morado tantos anos no frio, tanto no Sul como na Europa, queira sentir o calor do carioca - afirmou o zagueiro Fernando, do Vasco. Criado nas divisões de base do Flamengo e tricampeão carioca em 2001, Fernando chegou a ser o braço direito de Ronaldinho no Rio tanto em 1997 quanto em 1999, quando os dois estavam na Seleção sub-17 e sub-19. Foram poucos dias no Rio. O jogador, então no Grêmio, dormiu na casa do zagueiro, em Padre Miguel.

Ronaldinho no SambaNa Mangueira ou na Portela, o samba sempre mexe com o craque rubro-negro

- Éramos muito jovens, nem saímos naqueles dias, ficamos em casa mesmo. O Ronaldinho jamais esquentou com Zona Norte, Zona Sul, subúrbio. Não tem essa com ele, vai para o lugar onde se sente bem, é o mesmo cara até hoje. Perdemos o contato, mas quando o vejo é sempre legal - afirmou Fernando, que esteve com o craque pela última vez na Barra, em 2009.

Futevôlei na Barra O bairro, aliás, é o porto seguro de Ronaldinho. Ao comprar um apartamento de frente para o mar, o mais novo ídolo rubro-negro começou a aumentar a peregrinação pelo Rio. O roteiro é variado. No trabalho, a Zona Sul estará no roteiro, quando treinar na Gávea. Na folga, de dia, feijoadas em escolas de samba e um bom futevôlei são os programas favoritos.

Para curtir o samba, é eclético pela Zona Norte. Pode visitar a Mangueira ou dar uma esticada em Oswaldo Cruz, onde ficam a quadra da Portela e o bom feijão da Tia Surica. Mas o Salgueiro, na Tijuca, a Vila Isabel, no bairro de Noel, ou a Estácio de Sá, na Praça Onze, também têm o seu charme para atrair o craque.

Quiosque Ronaldinho Gaucho praiaQuiosque do Gaúcho tem tudo para ser o point do verão

Se Ronaldinho anda colado com a tradição no samba, nas areias deixa de lado Copacabana, Ipanema e Leblon para ficar na badalada Barra da Tijuca. Ali, pertinho de onde mora, na Avenida Lucio Costa, em frente ao quiosque do Gaúcho - um amigo gremista -, exibe o seu malabarismo no futevôlei. Normalmente, na companhia do amigo Romarinho, esse mesmo, o filho de Romário que joga nas divisões de base do Vasco, e alguns ex-jogadores, como Djalminha, Edmundo e Amoroso. A rede promete virar o novo point da cidade, a exemplo do Viajandão, que fervilhava nos tempos de Romário, na década de 1990.

O malabarismo maior do craque, no entanto, é na noite. Tem que ser bom para se dividir. Na Barra, vai à churrascaria preferida curtir um de seus pratos prediletos - o outro, bem carioca, é o bife com fritas, feijão e ovo. Depois, as opções vão da cada vez mais revigorada Lapa, no Centro do Rio, até boate de samba em Copacabana. O Morro da Urca também é opção. A onda de Gaúcho é sempre dar uma canja em shows de amigos como o grupo de pagode Revelação, Exaltasamba e Molejo, entre outros. Os ensaios de escolas de samba e os espetáculos como dos amigos do Fundo de Quintal também estão no roteiro que invade madrugadas.

Ronaldinho Gaúcho e Romarinho na praia no Rio de JaneiroNa rede em frente ao quiosque, Ronaldinho encontra amigos como Romarinho para jogar futevôlei

- Lembro que uma vez ele chegou ao Olimpo (casa de shows em Vila da Penha, na Zona Norte) para ver um espetáculo nosso, subiu ao palco e tocou tantã e pandeiro com a gente. Depois, botou a nossa camisa. Ele é assim. Um menino de Porto Alegre com estilo todo carioca, o espírito dele é esse. Ronaldinho agora está no verdadeiro lugar dele, que é o Rio de Janeiro. E jogando no Flamengo... afirmou Bira Presidente, do Fundo de Quintal e do Cacique de Ramos, bloco dos mais tradicionais do carnaval.

Samba de dia e de noite

Lenda do samba, Bira conta as horas para ver o amigo com a camisa rubro-negra. Promete até um show do Fundo de Quintal para celebrar a contratação do craque. E o defende das críticas de que gosta demais da noite.

- Até o esportista tem direito de viver. Acabou o jogo, quer sair, dar uma volta... Não vejo problema. Conheço bem o Ronaldinho e sua família. Nunca o vi embriagado, com drogas, criando problema e fazendo coisas erradas. Jamais houve ocorrência policial. Outros jogadores também saíam à noite em outras épocas, não entendo por que falam tanto agora.

Ronaldinho Gaúcho tocando pagode Na noite, Ronaldinho cai no samba e ainda dá uma canja nos shows

Uma coisa é certa. Ronaldinho e o Rio não deverão ser os mesmos depois do casamento do craque com o Flamengo. Anderson, do Molejo, acha que com o tempo o torcedor vai se acostumar e deixar o craque mais à vontade para curtir a cidade. No campo, Fernando se prepara para o duelo com quem dividiu quarto em casa nos tempos de Padre Miguel.

- Vou ter que improvisar, não sei ainda como fazer para marcá-lo. Mas, quanto mais difícil a vitória, mais saborosa ela é - afirmou o zagueiro do Vasco.

Diguinho aponta estratégia para marcar Ronaldinho: ‘Dois em um’

Volante tricolor se diz admirador do novo rival, enquanto Gum acredita em estádios lotados e um Flu preparado para segurar o Gaúcho


Por Genilson GarciaDireto de Mangaratiba, RJ

O primeiro Fla-Flu do ano ainda está distante, acontecerá somente na Taça Rio, no dia 13 de março, pela 3ª rodada. Entretanto, no lado tricolor já há quem se preocupe com o confronto com Ronaldinho Gaúcho. Eleito duas vezes o melhor do mundo (2004 e 2005), o craque dentuço é referência para alguns jogadores que agora são rivais e deixarão a idolatria de lado para atrapalhar um pouco seu retorno ao Brasil.
Diguinho e Gum fazem parte desta lista. Destaques do setor ofensivo menos vazado do Brasileirão do ano passado, quando o Flu saiu campeão, os dois buscam uma forma para parar o Gaúcho. O primeiro a apontar uma alternativa foi o volante, que sugeriu marcação dupla para evitar maiores problemas.

- Vai ser difícil, né? Se trata de um grande jogador, sou fã dele, admiro, e é importante para elevar ainda mais o Cariocão. Vou estudar a melhor ma
neira de segurá-lo. Eu, Diogo, Valencia... Vamos revezar aí. Dois em um é a tática.
Mais comedido nas palavras, Gum apenas garantiu que todo o time tricolor estará preparado para enfrentar o craque e acredita que a presença de Ronaldinho do outro lado será uma motivação a mais para vencer o clássico.
- Será bom para o Rio de Janeiro. Os jogos vão encher. Nós estaremos preparados para enfrentar o Flamengo e isso vai dar ainda mais vontade.

O Fla-Flu, porém, ainda está distante e a maior preocupação do Tricolor atualmente é com a primeira rodada da Taça Guanabara: dia 20, contra o Bangu, às 19h30m (de Brasília), no Engenhão.

Extremos da camisa 10: festa para Ronaldinho X esquecimento para Pet

Sem contato da diretoria sobre rescisão de seu contrato, meia sérvio silencia e participa dos dois turnos de treinos diários na Gávea, longe

do grupo


Por Genilson GarciaRio de Janeiro

Clima de suspense por semanas. Contratação anunciada com festa e hino cantado pela presidente Patrícia Amorim. Festa de apresentação na

Gávea com portões abertos. O Flamengo está sorrindo para receber o novo ídolo, Ronaldi

nho Gaúcho. Eis que a camisa 10, símbolo máximo de glória no clube, ganhará um novo representante. No entanto, não muito longe da loja da sede, com vitrine iluminada e repleta de uniformes do reforço, um antigo dono do número mágico caminhava para entrar em campo sem

holofotes.

O foco virou, e agora Petkovic é recebido sem pompas, apenas por poucas crianças que estão perto do gramado maltratado. Ao lado de Diogo, Val Baiano, Correa e Kleberson, o sérvio vive os dias de angústia e insatisfação de

quem foi informado pela imprensa de que não estava mais nos planos do técnico Vanderlei Luxemburgo, mas não descumpre o contrato ainda vigente antes de ser procurado oficialmente pela diretoria. Pouco mais de um ano após a conquista do Brasileirão,

os gritos da torcida e pedidos de autógrafo deram lugar ao silêncio e calmaria.

Com autorização para se reapresentar na Gávea apenas nesta segunda-feira, Petkovic aproveitou o Natal ortodoxo com sua família na Sérvia. Ao chegar no Brasil, soube

que teria sido dispensado pelo Flamengo. No entanto, segundo seu empresário, Josias Cardoso, nenhum comentário sobre rescis

ão de contrato foi feito.

Assim, mesmo sabendo que o elenco rubro-negro já estava na pré-temporada em Londrina, Petkovic foi ao treino na manhã de segunda-feira. E fez o mesmo à tarde e nos dois turnos desta terça, ficando em campo por cerca de 1h30m em cada turno. Conversou com o preparador físico, riu ao lad

o de Val Baiano e brincou com Correa. Mas não dá para dizer que está feliz com a situação de indefinição.

Para a imprensa, não houve comentários. O meia prefere esperar conversar com a diretoria rubro-negra antes de se pronunciar. Há a preocupação de não dizer nada que possa prejudicar sua relação com o clube, com quem tem contrato até 31 de dezembro de 2011. Por isso, apesar de dizer que o meia não está insatisfeito, sua assessoria de imprensa acredita que o silêncio será a melhor resposta do jogador.

Mesmo assim, Petkovic não planeja deixar os fãs sem informações sobre sua vida. No Twitter, ele escreveu: “Ainda estou no clube. Não fiquem preocupados. Obrigado pelo apoio”. Em seguida, na manhã desta terça-feira, chegou a anunciar no microblog que estaria indo treinar na Gávea naquele momento, por volta de 10h. Partículas de informações que chegam para negar especulações sobre uma possível aposentadoria, iniciadas quando o jogador fez o papel de "empresário" de Cristian Borja, ex-companheiro de Flamengo, ao indicá-lo ao time sérvio Estrela Vermelha e até mesmo sentando, de terno, ao seu lado na apresentação na equipe europeia.

A carreira ainda está de pé, sim, e bem na frente de quem quiser ver. Mesmo sem contato da diretoria, parece que a Gávea não se esqueceu do craque do hexa. Logo na entrada da sede social, um mural com sua imagem, a de Leo Moura e Diego Maurício, além de outros dois com o ginasta Diego Hipolyto e o nadador César Cielo, ilustram a parede de ídolos. Até quando, não se sabe.

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